Meu nome é Dico e hoje vem contar a minha triste história. Já tive uma família, um lar. Tinha até duas irmãzinhas peludas, que eu amava muito.
Quando era um filhote, eu distraia minha mamãe e papai com minhas travessuras e o faziam rir. Nós passeávamos, corríamos, brincávamos e eu acreditava que a vida não poderia ser mais perfeita. Aos poucos, eles passaram a gastar mais tempo com outras coisas e nós três fomos deixados de lado. Nós passamos de “seus cães” para “apenas seus cachorros” e sempre escutávamos reclamações de cada gasto que tinham conosco. Um dia, ansiosos para passear, não escutamos barulhos dentro de casa . Os dias foram passando e não sabíamos o que havia acontecido, as coisas estavam na mesma. Éramos alimentados por uma moradora do bairro, que colocava água e comida através de uma frestinha no quintal. Foi então, que percebemos que tínhamos sido abandonados, esquecidos. Descobrimos que a nossa mamãe e papai que tanto amávamos, se mudou para uma casa onde não permitem animais. Para piorar nossa situação, o quintal é de terra e não tem abrigo, não tem onde esconder da chuva e nem do sol.
Um dia, ouvimos barulho de gente conversando. Por um momento, tivemos esperança de que seria nossa família que voltou para nos buscar. Infelizmente nos enganamos, mas, felizmente essas pessoas eram voluntárias e vieram buscar minhas duas irmãs para leva-las em um lar provisório, pois o local que elas foram levadas, só aceitam fêmeas e será pago. Desde então, estou sozinho aqui, perdi meu apetite dias atrás, a solidão tomou conta de mim, são dias tristes, de choro e desespero. Meu futuro?!? Não sei, está nas mãos de Deus. Cada dia que passa, estou me entregando, debilitado e apavorado. Será que ainda existe uma chance pra mim? Será que alguém tem um espaço em casa e no coração para um velho cão que está morrendo a cada dia?!?
com Micheli Baraldi.
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